Na segunda-feira (21/10), o Ministério da Saúde promoveu uma reunião com representantes de diversos setores do Governo Federal e organizações internacionais para discutir as políticas públicas voltadas à prevenção e ao controle do uso de bebidas alcoólicas no Brasil.
O encontro ocorreu em Brasília e teve como foco a construção de uma agenda regulatória e colaborativa que permita um controle mais eficaz do consumo de álcool. Nessa perspectiva, as entidades participantes apresentaram as ações em andamento e os desafios encontrados em seus órgãos. Foi avaliada a criação de mecanismos de cooperação intersetorial para a implementação e fortalecimento das medidas de prevenção e controle do consumo de bebidas alcóolicas no Brasil. “O imposto seletivo, por exemplo, é uma medida recomendada por organizações internacionais que tem se mostrado eficaz”, afirmou a diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis (DAENT), da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) , Letícia Cardoso.
Entre os participantes estavam: Fundação Oswaldo Cruz, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, Secretaria Nacional do Trânsito (SENATRAN), Receita Federal, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Agricultura e Pecuária e Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Impacto do consumo do álcool
De acordo com o estudo Carga Global de Doenças , em 2021, o consumo de álcool resultou em 1,8 milhão de mortes em todo o mundo. No Brasil, aproximadamente 21.315 óbitos em 2022 foram diretamente atribuídos ao uso de bebidas alcoólicas, conforme dados do Sistema de Informações de Mortalidade . Isso significa que, no país, duas pessoas perdem a vida a cada hora em decorrência de questões relacionadas ao álcool.
Dados revelados pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019 mostram que 63% dos adolescentes entre 13 e 17 anos já consumiram álcool, com 35% tendo experimentado antes dos 13 anos.
Em uma análise abrangente sobre o impacto do consumo de álcool, a diretora do Daent destacou a conexão do álcool não apenas com doenças crônicas, mas também com infecções como tuberculose e HIV . “O álcool interfere nas práticas de prevenção e pode favorecer a prática de sexo desprotegido, impactando negativamente na adesão e resposta ao tratamento”, explica.
Embora os impactos do consumo de álcool sejam frequentemente associados apenas à saúde, a Organização Mundial da Saúde relatou em 2019 que dirigir sob a influência de álcool foi responsável por 27% de todos os acidentes rodoviários. No Brasil, dados do Viva Inquérito de 2017 mostram que 13,1% dos atendimentos em serviços de urgência e emergência decorrentes de acidentes de transporte envolveram condutores que haviam ingerido bebidas alcoólicas.
A diretora também chamou a atenção para o alto custo econômico associado ao consumo de álcool, estimado em mais de 1% do PIB em países de renda média ou baixa. “Em 2018, o SUS gastou mais de 1,7 bilhão de reais em tratamentos de cânceres relacionados ao álcool. Esse valor poderá superar 4,1 bilhões anuais até 2040”, alertou, enfatizando como essa situação afeta diretamente a saúde pública e a produtividade do país.
Fonte: Agência Gov.
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